Moldávia, temendo a Rússia, quer entrar na UE 'o mais rápido possível'
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REYKJAVIK: A Moldávia quer a adesão à UE "o mais rápido possível" como proteção contra uma ameaça da Rússia e espera uma decisão para iniciar as negociações "nos próximos meses", disse o presidente Maia Sandu em entrevista.
A pequena nação de 2,6 milhões de pessoas, aninhada entre a vizinha Romênia e a Ucrânia devastada pela guerra, realizará em 1º de junho sua primeira grande cúpula da Europa mais ampla.
Essa reunião da Comunidade Política Europeia – um fórum criado no ano passado que reúne líderes de todos os 27 países da UE com 20 vizinhos do bloco – será uma ocasião para a Moldávia polir suas credenciais de candidato.
Para Sandu, a adesão à UE é a única garantia contra se tornar o próximo alvo da Rússia.
Seu país, uma ex-república soviética, já possui uma região separatista, a Transnístria, onde a Rússia estacionou um pequeno número de tropas.
"Claro, nada se compara ao que está acontecendo na Ucrânia, mas vemos os riscos e acreditamos que podemos salvar nossa democracia apenas como parte da UE", disse ela.
"Acreditamos que a Rússia continuará a ser uma grande fonte de instabilidade nos próximos anos e precisamos nos proteger", acrescentou Sandu, à margem de uma cúpula do Conselho da Europa na Islândia que terminou na terça-feira.
O líder de 50 anos, no cargo desde 2020, acusou em fevereiro a Rússia de fomentar um golpe para tentar tomar o poder na Moldávia.
Ela pediu aos moldávios – que as pesquisas mostram que estão esmagadoramente a favor da entrada na União Europeia – para realizar uma manifestação pró-UE no domingo.
"A guerra na Ucrânia tornou as coisas pretas e brancas. Portanto, está muito claro o que o mundo livre significa e o que o mundo autoritário significa para todos nós", disse ela.
A guerra da Rússia ao lado de repente firmou a perspectiva de adesão à UE para a Ucrânia e a Moldávia.
Ambos os países se candidataram no ano passado para ingressar no bloco e em junho de 2022 se tornaram países candidatos, junto com a Geórgia.
"Acreditamos que este é um projeto realista para nós e estamos ansiosos para ver isso acontecer o mais rápido possível", disse Sandu.
A adesão, no entanto, pode levar uma década ou mais para ser alcançada, dada a longa lista de requisitos que os países candidatos devem cumprir para poder sentar-se ao lado de outras nações no mercado único europeu.
Ao contrário da Ucrânia, a Moldávia é pequena o suficiente para poder ser integrada à União Europeia com relativa facilidade.
Mas enfrenta vários desafios para elevar seus padrões democráticos aos níveis da UE, principalmente em termos de combate à corrupção.
Sua frágil economia, segurança energética e a questão da Transnístria, com sua população de 30.000 pró-Rússia, também precisam ser abordadas.
A Transnístria, no leste da Moldávia, não é reconhecida pela comunidade internacional. A zona surgiu em 1990 após uma breve guerra civil que eclodiu quando a União Soviética entrou em colapso e terminou a partir de 1992 como um conflito congelado.
"Estamos lutando para obter uma solução pacífica para o conflito e pedimos à Rússia que retire suas tropas estacionadas ilegalmente", disse Sandu.
"Precisamos de uma oportunidade geopolítica para poder resolver o conflito."
A presidente, que iniciou o processo de retirada de seu país da Comunidade de Estados Independentes dominada pela Rússia, acrescentou: "Que tipo de relação você pode ter com um regime que mata pessoas inocentes no país vizinho?"
A Moldávia está pronta para cooperar apenas com "países democráticos, com países que respeitam a integridade territorial de outros países, que respeitam o sistema baseado em regras internacionais", disse ela.
A Rússia brandiu o desejo da Ucrânia de um dia ingressar na OTAN como uma de suas justificativas para invadir seu vizinho.
Para a Moldávia, essa não é uma porta na qual está prestes a bater.
A Moldávia não está repensando sua posição de ser um país neutro por enquanto, disse Sandu.
"Mas há discussões em nossa sociedade sobre se a neutralidade nos protege e se em algum momento as pessoas mudarão de opinião, é claro que reconsideraremos essa decisão. Enquanto isso, estamos tentando consolidar o setor de defesa da Moldávia e contamos em nossos amigos."